terça-feira, 24 de março de 2009

O "Besteirol na Ciência", o Cientificismo e o Senso Comum

Causou furor a coluna de Ruth de Aquino na revista Época, publicada na última sexta-feira (20/03).

Sob o título "O Besteirol na Ciência é Melhor do que no Senado" a jornalista lançou uma espécie de "ataque surpresa" à comunidade científica - ou, ao menos, assim ela foi interpretada por muita gente. É o que se pode deduzir das respostas imediatas nos comentários online e em alguns dos principais Blogs de ciência do Brasil.

Na verdade a jornalista não atacou a ciência diretamente, em nenhum momento. Em seu artigo ela meramente alistou uma série de experimentos científicos que aparentemente teriam pouquíssimo ou nenhum poder explanatório, como o caso de uma pesquisa sobre os benefícios de 15 minutos de recreio para o rendimento de crianças na escola ou sobre o poder de "genes gay" (supostamente responsáveis pela gentileza e pela sensibilidade) para atrair mulheres. Nesses e em outros casos tempo e dinheiro foram gastos para demonstrar fatos óbvios ao senso comum, ou para trazer resultados inúteis. Ao fim do artigo ela aponta uma de suas fontes: uma entrada da wikipedia sobre o prêmio "IgNóbel" - uma paródia do prêmio Nobel sobre pesquisas científicas "cômicas".

Mas a reação ao artigo foi vastamente negativa. Houve quem declarasse guerra à jornalista. Entre ameaças de patrulhamento e petardos virtuais alguns cientistas defenderam uma das pesquisas criticadas por Ruth em seu artigo - um grupo de cientistas da Universidade de Princeton "descobriu" que a visão de mulheres de biquíni desperta nos homens a mesma área do cérebro estimulada quando eles vêem objetos e ferramentas; e que a sua memória para corpos sexualizados de mulheres - sem os rostos - é mais ativa do que memória para mulheres vestidas ou homens. Ruth de Aquino seguiu a linha da reportagem na seção de Ciência do The Independent, "University of the bleedin' obvious", que também ridicularizou as obviedades da pesquisa.

Em defesa de seus colegas o editor de "Brontossauros em meu Jardim" - premiado Blog de ciência brasileiro, atacou o sentimento "anti-científico" da jornalista e defendeu a pesquisa de fatos aparentemente banais com o seguinte argumento: "o papel da Ciência é exatamente desafiar o nosso senso comum, que um péssimo parâmetro para se descobrir como funciona o nosso universo. Por essa razão, é necessário realmente testar o senso comum para ver se ele corresponde a realidade."

Um outro blogueiro cientista disse que a pesquisa não era tão trivial, afinal de contas, e que os resultados ao menos fortalecem a afirmativa de que o uso de mulheres seminuas em anúncios desumaniza as mulheres, "para além de achismos e senso comum (que podem ser contestados pelos cínicos de plantão)."

E com isso já temos fatos suficientes para levantar a questão: será mesmo que o papel da ciência seja essencialmente "desafiar o senso comum"? Cientistas precisam tomar muitas decisões antes de iniciarem uma pesquisa científica. E essas decisões que antecedem à prática científica, tanto temporalmente quanto logicamente, não são tomadas "cientificamente". Elas ocorrem no universo do malfadado "senso comum" - o mesmíssimo universo no qual se encaixam inclusive as manifestações iradas de alguns blogueiros científicos. A ciência não vive para desafiar o senso comum. Ela faz isso, muitas vezes, mas o senso comum é simplesmente o nosso habitat natural. A ciência é um útil parêntese dentro do senso comum; é uma ferramenta criada e manipulada pelo senso comum.

Pois bem: quero aproveitar o momento para defender exatamente o contrário do Blog supracitado: que precisamos sim de pesquisas como aquela de Princeton (discordando de Ruth de Aquino); só que não para substituir, mas antes para retornar ao senso comum - e ao conhecimento não-científico de um modo geral.

É inegável que os resultados da pesquisa em questão sejam uma evidência empírica que pode ser usada contra o setor publicitário, por exemplo, para defender as mulheres da desumanização a que elas são expostas todos os dias; e também são uma confirmação a mais da crítica cristã ao libertinismo sexual como um posicionamento destrutivo da dignidade humana. E em termos científicos apenas, precisamos concordar: a pesquisa não foi tão trivial. Ela levantou alguns fatos interessantes. Eu mesmo já penso em aproveitá-las para alguns fins não-científicos.

Mas é impossível não perceber quão pouco econômico é o irmão perverso da ciência, o cientificismo, expresso por alguns críticos da nossa jornalista. Para pessoas que assumem a inexistência de conhecimento seguro fora da demonstração científica, o senso comum e até mesmo a racionalidade moral parecem tão indignos de confiança que não podemos em sã consciência fundar neles as nossas decisões. E assim, testemunhamos essa horrível anomalia: que não tínhamos como combater o abuso do corpo feminino na mídia, até agora. Porque? Porque nos faltava o estudo dos pesquisadores de Princeton. Faltava a voz de um oráculo científico.

O cientificismo é viciado no que eu chamaria de desperdício doxástico. Ele precisa desafiar cada crença religiosa sem base empírica, cada preceito tradicional, cada valor social, cada intuição moral, cada arrazoado sobre comportamento, de um modo quase obsessivo. Para o cientificista, podemos sustentar opiniões morais - sobre a objetificação das mulheres no mundo publicitário, por exemplo - mas não poderemos considerar tais opiniões como verdadeiras, nem tomar decisões sérias com base nelas, até que sejam testadas empiricamente. Até lá, tais opiniões não passam de cismas feministas ou fundamentalistas.

E então a gente se pergunta: não fosse o cientificismo, com sua suspeita exagerada do senso comum, será que a tal pesquisa seria realizada só para dar "base empírica" ao óbvio? Talvez, se a filosofia, a teologia e a vovó fossem tratadas com menos ceticismo, sobrassem mais verbas de pesquisa para outros assuntos.

Ora, não é isso um maravilhoso exemplo do que nos disse o bom e velho Chesterton? "O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão". Loucura é isso, ser profundamente rigoroso, preciso, movendo-se sempre em um círculo lógico perfeito mas perfeitamente minúsculo de demonstrações meticulosas. Pessoas normais não aguentam viver assim de modo consistente. É cognitivamente caro demais.

A modernidade criou uma sociedade neurótica, em que fatos morais conhecidos e até bem justificados pela filosofia, pela religião ou até pelos conselhos da vovó não podem ser assumidos e aplicados na esfera pública simplesmente porque se tratam de "valores" e não de "fatos científicos", ou porque isso despertaria a atenção das patrulhas céticas ou agnósticas do mundo acadêmico. Os modernos suspendem o juízo moral, mesmo quando já estão à beira da morte, só porque um paper decisivo sobre o assunto ainda não foi publicado. Prendem a respiração para evitar intoxicações não-científicas, como se cessar a respiração fosse uma coisa inócua.

Mas enfim, se pudermos convencer algumas pessoas a voltarem a respirar, está bem. Pesquisas sobre as bases neurológicas da moral, ou sobre os benefícios de certos valores na vida humana (para dar alguns exemplos) podem ser usadas por pessoas normais como evidências de que precisamos dar mais ouvidos ao senso comum, à sensibilidade moral, à filosofia e à religião.

Nesse caso, Ruth de Aquino está errada. Pesquisar o trivial pode ser útil quando não temos mais olhos para ver nem ouvidos para ouvir.

E ela não está errada somente por isso. Um grave perigo potencial no artigo da Época foi apontado por alguns cientistas: que estamos num país que investe pouco em ciência e não valoriza adequadamente os seus pesquisadores. Por esse ângulo, o artigo é um desserviço.

Quanto aos cientistas, eles estão certos quando defendem o dever da ciência de investigar o aparentemente óbvio e descortinar as sutilezas inesperadas da realidade; mas estão desorientados quando pretendem demolir e refazer o universo humano na base da prova empírica. Os erros da jornalista não chamarão mais a atenção do grande público do que a misantropia de alguns cientistas que se sentem atacados por dar pouco valor ao senso comum e ainda conseguem se enxergar dentro das críticas ralas de Ruth de Aquino.

Em suma, a jornalista da Época e os seus críticos estão certos e errados ao mesmo tempo, por razões diferentes. Talvez o imaginário de alguns cientistas precise mesmo de uma boa dose de senso comum, e eu diria mais - de filosofia e de conhecimentos não-científicos. Não para interromper a ciência, mas para levantar questões mais interessantes.

E talvez precisemos realizar essas pesquisas "triviais" não para substituir, mas para chamar a sociedade de volta à razão não-meramente-científica e ao senso comum. Afinal, é deste solo que nascem as boas questões.

11 comentários:

Anônimo disse...

Oi Guilherme,
Tudo bem?

Acompanharei atenta o seu trabalho na Ultimato, e é realmente urgente que os crentes tratem da polêmica entre religião e ciência com mais acuidade.

Geralmente gosto do que escreve Ruth Aquino, mas sempre que a imprensa grande quer opinar sobre ciência sai alguma besteira.

Sua análise é ótima e concordo plenamente com ela, só gostaria de apontar outro aspecto:
observe que o blogueiro que alude ao resultado da pesquisa sobre a ativação daquela região do cérebro dos homens, e a “aplicação” que se pode ter desse trabalho, como uma proposição que vai além do “achismo ou senso comum”, parece ignorar o trabalho que outras pesquisas, em outros campos disciplinares, têm feito sobre o tema que ele mesmo tratou como “desumanização da mulher”. Ora, muita coisa tem sido feita (isto é, trabalhada com método e a partir de uma teoria) sobre o assunto nas ciências humanas, e há núcleos de pesquisa que agregam estudiosos de várias áreas em torno do problema. O cara desconhece essas pesquisas ou lhes atribui o estatuto de achismo? Penso que a imagem de que só se faz verdadeira ciência num laboratório persiste porque alimenta certa aura, essa doxa que, ao fim e ao cabo, tem o efeito de esvaziar, por exemplo, a teologia de sua validade epistemológica (ainda que o mesmo não ocorra com a filosofia...). Em linguística diz-se que só o gerativismo constitui o hard core do campo, as outras vertentes são, literalmente, periféricas...
Não é da ciência que falo, mas dos usos (semânticos, ideológicos, políticos) que se fazem dela.

Um abraço.

Raquel

Guilherme de Carvalho disse...

Oi Raquel.

Muito bem lembrado. Tive que me adaptar ao uso corrente do termo "ciência" no Brasil, que é aplicado às "hard sciences" exclusivamente.

O problema de muitos cientistas é que eles tem uma concepção de "racionalidade científica" ocupando o lugar de uma concepção de "racionalidade humana". É claro que isso é filosoficamente ingênuo, mas além do mais é bastante nocivo para a sociedade.

Sem falar nos bloqueios que isso causa para a transdisciplinaridade, com cientistas estreitos recusando-se a dialogar com os "achismos" da sociologia, da linguística, da ciência da religião...

abr!

Guilherme

Osame Kinouchi disse...

Oi Guilherme, como eu fui o blogueiro "cientificista" (nossa, que péssimo adjetivo para um ex-seguidor de Rubem Alves!) que falou que a pesquisa era útil contra os achismos, acho que deveria esclarecer: eu não disse que não podemos (e devemos) agir e tomar decisões usando o senso comum e os valores (religiosos ou não - eu sou Metodista). Todos fazemos isso, no amor e na culinária.

Eu disse que a pesquisa nao era inutil pois contribuia para fortalecer a opiniao daqueles que acham que a mercantilização da mulher a desumaniza. Que isso tenha sido estudado e afirmado anteriormente por cientistas sociais não tira o mérito da pesquisa, que se encontra em outro campo (neurociencias). A relação com sintomas autistas em homens também é uma sugestao interesante. E se a amostra é pequena (21 sujeitos não é pequeno para estatísticas com distribuição de Student!), basta replicar o estudo se alguem duvida do resultado. Como ninguem duvida, entao podemos aceitar essa pequena amostra e reconhecer que o estudo foi barato...

Todo mundo sabe que 15 minutos de descanso ajuda as crianças a estudar? Então porque não fazemos isso? E se a pesquisa tivesse revelado que bastasse 5 minutos? E se revelasse que seriam necessárias duas horas de descanso? Por que o descanso tem que ser da ordem de 15 minutos? Não parece trivial...

Agora, cientificismo é sempre a trave nos olhos dos outros... Não será a atitude romantica anticientífica de Feyrabend e Heiddeger - engraçado, todos eles nazistas na juventude (que forneceu argumentos aos neocons, aos fundamentalistas de todos os naipes, o relativismo antiilimunista que fundamenta a nova defesa dos tradicionalistas, do papa que expulsou Boff citando Heidegger e Nietszche etc) uma atitude muito mais perniciosa, e que está contaminando a última geração de teólogos?

Não é questão de o empirismo ter que questionar ou fundamentar cada crença, mas sim de que podemos ir além do empirismo, mas não podemos ser menos que empiristas. Como John Wesley falou em seu sermão sobre fé e razão, não se pode chegar a Deus usando a razão (ao contrario do que criacionistas, ID, espiritas e New Age acreditam). Já não estamos cansados de pastores que possuem apenas fé mas não razão e esclarecimento? A razão não é uma condição suficiente, mas é uma condição necessária para a vida humana plena.

Carlos Hotta disse...

Oi Guilherme! Achei muito interessante o seu ponto de vista.

Eu acho que a jornalista podia ter direcionado o discurso dela para criticar apenas algumas pesquisas. No entanto ela não o fez. O discurso dela nunca delimitou o que ela chama de Ciência. Ela nunca fala de "certas pesqquisas" ou "certas conclusões".

No entanto concordo que muitas vezes erramos a mão na hora de defender a Ciência e acabamos dando a impressão de que achamos que só o comprovado pelas Ciências é válido(e muitas vezes nos restrigimos apenas às hard sciences).

Quando falei sobre o "senso comum" quis dizer que o método científico existe para evitar que certos sensos comuns interfiram na hora de se tentar entender a realidade. No entanto, ter senso comum geralmente é útil no dia-a-dia. rs

No meu caso ainda cometo outro erro: minha formação em filosofia e sociologia é bastante pobre. Por isso sempre acabo falhando na hora de se escrever sobre as "Humanidades" ou opinar sobre assuntos que ela domina. Se minha formação fosse um pouco melhor, talvez fosse mais fácil defender a Ciência de ataques sem cair em um extremismo.

Guilherme de Carvalho disse...

Olá Osame!

Rapaz, eu realmente não me referi a vc em particular como cientificista. É que eu li os comentários na coluna da Época e percebi o cheiro da coisa no ar (foi por isso que não pus um link para o seu blog no post). Se bem que, como a Raquel observou acima, o teor do seu comentário deu a impressão de uma desatenção para com as ciências "soft" se vc me permite.

Sim, agora vejo. Peguei o seu "achismo" e citei na resposta à Raquel :-D

De qualquer modo, a tendência já arraigada na mentalidade de muita gente de descontar discursos sem fundamento nas hard sciences está por aí, e mostrou os dentes nos comentários da coluna da Época. Alguém tinha que apontar esse lado, né?

Quanto à pesquisa, também não a considerei trivial. O problema é que as questões e movimentações humanas que motivaram a pesquisa, com todas as suas particularidades, são passíveis de avaliação crítica e valoração, independentemente da utilidade e dos benefícios futuros da investigação. Eu quis refletir sobre a pesquisa do ponto de vista dos "porquês" humanos, e não dos "o quês" mensuráveis, ok? Que tipo de sociedade precisa empreender e depois se degladiar em torno de uma pesquisa como essa? Acho que vc deve ter percebido o quão interessante é essa coisa toda para uma crítica da cultura.

Bem, só posso pedir desculpas se vc aparece cientificista no post. Vou tentar remediar isso.

Quanto à racionalidade: concordo plenamente que a razão não é condição suficiente mas necessária de uma vida plena. E também estou cansado de pastores sem esclarecimento. Mas ainda sinto que a coisa da diferença entre "racionalidade" e "racionalidade científica" precisa ser melhor elaborada.

O que eu disse por exemplo, de um modo popular, sobre a economia da crença (ou economia doxástica) é uma questão séria de teoria da racionalidade que mostra a necessidade de melhor integração entre ciência e senso comum.

Mas uma curiosidade: "ex-seguidor de Rubem Alves???" :-D

Guilherme de Carvalho disse...

Olá Carlos!

Sim, vc tem razão. A reportagem da Ruth foi banalizante e indiscriminada. Eu até me identifiquei prontamente com indignação dos leitores cientistas - nós, do campo dos estudos de religião estamos quase acostumados a receber essas críticas indiscriminadas e generalizantes, especialmente de jornalistas científicos de mídias grandes. No fim, ela nem denuncia um problema sério nem estimula o envolvimento científico. Foi um artigo muito frívolo.

Eu mesmo não quis defender o artigo da Ruth não (ruim demais). Só usei a querela como ponto de partida para expressar minhas próprias preocupações.

Quanto à sua formação: não diga isso. Ninguém tem a obrigação de saber tudo. Eu mesmo venho trabalhando há um bom tempo com os pontos de contato entre a religião e a cultura (arte, ciências, etc) e para o meu trabalho não posso ser um especialista (exceto, talvez, em filosofia da religião). É por isso que tento remediar minha ignorância de ciência lendo periodicamente, entre outras coisas, o "Brontossauros em meu Jardim." :-D

Osame Kinouchi disse...

Guilherme,

Acho que a atitude da Ruth, se aplicada aos religiosos, seria citar meia duzia de exageros da IURD ou terroristas evangelicos e generalizar, ridicularizando de Teologs da Libertacao a budistas tibetanos. Eu acho que nessa hora os teologos e cientistas da religiao iriam ficar indignados com a falta de cultura, o deboche e a arrogancia da Ruth. E isso nao seria corporativismo, seria apenas esclarecimento ao leitor...

Pois eh, deixei de ser seguidor de Rubem Alves depois que ele virou cripto-direitista elitista seguidor de Nietzsche...

Guilherme de Carvalho disse...

De fato, Osame.

A verdade é que o tratamento dado ao cristianismo histórico na grande mídia é realmente péssimo. E isso inclui a mídia científica como um todo. Já perdi a conta das bobagens que vi escritas sobre cristianismo no jornalismo científico brasileiro :-D

E isso inclui o campo da relação entre religião e ciência. Quase nada das obras importantes no assunto está disponível ao leitor brasileiro.

Então, de certo modo, sei bem como os cientistas se sentiram.

Quanto ao Rubem Alves, perguntei por curiosidade, mas nunca fui fã. Tem coisa melhor sobre religião e filosofia da ciência por aí :-D

O meu post foi para o site da Ultimato, mas tive o cuidado de comentar no texto que os blogueiros citados no artigo não são adeptos do cientificismo.

A propósito, de vez em quando vou escrever para a "plataforma" da Ultimato sobre fé e ciência, e vou sempre consultar a sua opinião no seu blog, ok?

bração,

Guilherme

Osame Kinouchi disse...

Pois é, Guilherme, eu não sei se existem muitos interlocutores nessa polarização recente (induzida pelos neocons que produziu a reação neoateista?) entre ciencia e religião. Talvez você seja um deles, talvez exista já uma comunidade de pessoas (teologos etc) interessada, mas não conheço. Ou as pessoas estão de um lado ou de outro, os moderados em geral são eliminados ou tachados de em cima do muro.

Isso me faz lembrar a década de 80, onde eu e meu grupo éramos pentecostais de esquerda (leitores de Carlos Mesters, irmãos Boff etc - mas faziamos reuniões de oração pentecostais). Eramos bombardeados de ambos os lados...

Dia 15 de Abril darei uma palestra aberta ao publico no espaço cultural da USP em Ribeirao Preto,e dia 22 farei o mesmo dentro do Departamento de Física e Matemática da USP Ribeirão. Tema: Ciência e Religião. Acho melhor me preparar bem, não?

Acho que seguirei o roteiro dado pela wikipedia inglesa sobre o tema, o que acha?

http://en.wikipedia.org/wiki/Relationship_between_religion_and_science

Guilherme de Carvalho disse...

Oi Osame!

Demorei um pouco a responder a seu último post.

Puxa, não imaginava que vc tivesse passado pelo pentecostalismo, e lendo os irmãos Boff ainda :-D

De fato eu pretendo tentar uma contribuição para quebrar as barreiras entre a comunidade evangélica e a ciência. Há um excesso de preconceitos dos dois lados. No futuro, gostaria de ver um grupo interdisciplinar trabalhando no assunto.

Acho legal seguir a linha da Wiki. Será mais didático.

abr!

Guilherme

Paulo disse...

Parabéns pela clareza Guilherme!

ão nos esqueçamos que se houve uma tônica filosófica catalizadora para o nazismo, foi o cientificismo que propunha uma raça genéticamente pura.Inclusive tal tentiva de criar raça ariana genéticamente superior (geneticismo;biologização da moral)mostrou-se um erro nefasto.Vejam...mesmo que a ciência prova-se( o que graças a deus não é verdade!!!) que um alemão fosse geneticamente superior a um judeu, a um negro, a um latino, a um cigano...quais as consequências que deveríamos extrair disso???Seria a mesma ciência que determinaria a forma como se dari a presença no mundo de tais descobertas???Claro que não.Vejam que no mundo atual dominado por coorporações a ciência é um grande perigo e pretendem torná-la uma espécie de política ou religião.Como a ciência é de natureza normativa pois os critérios de validade são escolhidos pela comunidade científica(K.Popper)então dar poder de exclusividade para a ciência é dar poder para um grupo social, a comunidade científica.Deve haver sempre um além da ciência, um além do poder dos grupos e coorporações, mesmo em relação a ci~encia, mesmo em relação a política, mesmo em relação a moral.É preciso reconhecer a real relatividade das propostas onto-teleológicas.a ciência, produto da mente humana, não deve de forma alguma ser a produtora das mentes humanas...pensem nisso.