quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Homossexualismo não Vai Contra a Natureza. Será?

Tenho uma cadela muito espertinha que de vez em quando faz cocô na minha cama. Previsivelmente, eu fico bravo. Mas minha esposa sempre diz: "Ora, Guilherme, é uma cadela!" Bem ela dizia isso antes. Agora já está ficando brava também. Sim, eu sei, isso é pura e simplesmente uma cachorrice, uma coisa de cachorro, da natureza canina - não o cocô na cama, propriamente, mas num lugar com o qual a minha cama, por uma ironia da providência, é semelhante. Sim, sim, mas... Cocô na cama é contra a minha natureza, bolas!

Mas será mesmo?

Na Folha Ciência

Com toda a certeza essa não seria a resposta do Dr. Andrea Camperio Cianni, geneticista da Universidade de Pádua, que concedeu entrevista à Folha Ciência publicada em 21 de Junho de 2008. A entrevista foi motivada por um estudo publicado por ele na revista PLoS One, no qual ele apresenta um modelo genético para explicar por que a homossexualidade aparece conectada ao aumento da fertilidade e mães e avós na linhagem materna do indivíduo.

De acordo com o modelo, haveria um gene (ou uma combinação?) que, presente em indivíduos do sexo feminino, aumenta a fertilidade e, em indivíduos do sexo masculino, gera uma "ligeira" atração por homens. Assim o gene que produz vantagem reprodutiva em mulheres produz, em homens, desvantagem reprodutiva. O Dr. Cianni nega explicitamente que sua teoria implique um determinismo genético - que o homossexualismo seja determinado pelos genes. Seu ponto apenas é que provavelmente há mesmo fatores genéticos que favorecem a "androfilia", ou a atração por homens, e que podem ocorrer tanto em homens como em mulheres.

A teoria parece de fato bem interessante. Sendo o homossexualismo tão comum e recorrente em diferentes comunidades humanas, seria de se esperar mesmo que ele tivesse algum tipo de base genética. Mas isso não é tudo. O Dr. Cianni apresenta algumas interpretações do significado de seu modelo que vale a pena considerar:

Há genes influenciando algumas pessoas, tornando mais fácil para elas optar pela homossexualidade. Ser ou não ser homossexual, porém, é resultado de história de vida, além de genes. O que queremos saber é por que os genes que influenciam a homossexualidade existem. Um gene que reduz a taxa de reprodução das pessoas deveria desaparecer. Esse é o dilema darwiniano da homossexualidade. A posição da Igreja tem sido por muito tempo a de dizer que o homossexualismo seria um vício, um pecado contra a natureza. Com o nosso estudo, podemos dizer claramente que o homossexualismo não vai contra a natureza. Ele faz parte da natureza, e é demonstrado precisamente pela seleção sexual darwiniana.

Pode-se, sem dúvida, dar diferentes interpretações do fato. Vamos tentar uma.

Talvez o nosso mecanismo genético seja deveras imperfeito, realmente. Na falta de uma boa solução para promover a fertilidade feminina, temos um gene que, ao invés de ter seu efeito androfílico neutralizado por uma compensação hormonal ou até genética, atua livremente em indivíduos de sexo masculino. Assim, a nossa espécie convive com o indesejável efeito colateral de produzir - homossexuais! Nas palavras do próprio Cianni, afinal, eles seriam indivíduos em desvantagem reprodutiva.

Ora, temos conhecimento da presença de mecanismos bastante desajeitados ou até desvantajosos, que eventualmente complicam a vida de determinadas espécies. Mas seriam meramente imperfeições (ao menos, é assim que elas são nomeadas pelos críticos do Design Inteligente) associadas às vicissitudes do processo evolucionário. Não poderíamos falar em doenças, a não ser que aplicássemos o termo a espécies como um todo.

Seja como for, seria mesmo muito chato, e politicamente incorretíssimo sugerir que o homossexualismo não é contra a natureza, porque imperfeições adaptativas, propensões genéticas potencialmente desvantajosas, ou até por um anomalia evolucionária são fatos da natureza. Pois até mesmo o câncer é resultado do mesmo mecanismo que torna possíveis as mutações, indispensáveis à evolução. Em outras palavras, sugerir que a homossexualidade é um acidente evolucionário; um efeito colateral...

Bem, acho que o Cianni não seria tão bobo de colocar as coisas nesses termos (embora não seja preciso muito esforço para enxergar que o rei está nu).

O mais curioso, no entanto, é a conclusão brilhante que Cianni tira desse fato: "podemos dizer claramente que o homossexualismo não vai contra a natureza. Ele faz parte da natureza". Uai, eu perdi alguma coisa? ;-D

A Falácia

Bem, vamos por partes:

1) Em primeiro lugar, Cianni supõe que uma coisa "faz parte da natureza" porque tem base genética e pode ser explicada pela evolução Darwiniana;

2) Em segundo lugar, ele rejeita a idéia de que o homossexualismo seja um "pecado contra a natureza", porque tem base genética.

Mas, convenhamos: que tipo de comportamento humano pode ser considerado contrário à natureza por esse critério? Com toda a certeza, todo tipo de comportamento humano deve ter alguma base genética, nem que seja indireta. Tudo o que o homem pode produzir em termos culturais, está baseado em possibilidades genéticas. Mas o invés de multiplicar exemplos disso aqui, vamos apenas tomar os exemplos de Cianni:

A comunidade gay sempre fica muito infeliz quando pessoas falam sobre esse assunto e os jornalistas começam a usar manchetes como "Descoberto o gene gay". Isso é besteira. Nós, geneticistas comportamentais, sabemos há muito tempo que o debate de natureza contra criação é fútil. Todos os genes têm de se expressar em um ambiente. O ambiente influencia a expressão do gene, assim como o gene influencia o ambiente onde ele se expressa. Vou dar um exemplo. Todos nós temos genes que favorecem o roubo, porque se não tivermos o comportamento do roubo, não sobreviveremos em uma emergência onde ele pode ser necessário. Isso não significa que sejamos forçados a sermos ladrões.

Ótimo. Não podia ser melhor.

Todos nós temos genes que favorecem o roubo. Então o roubo não é contra a natureza, não é mesmo? Coitado daquele ladrão. Ele apenas tem uma desvantagem associativa de base genética. Coitado de mim também. Afinal, eu sou um bobão que tem uma desvantagem moralista de base genética. Eu acho que o ladrão é um safado que precisa ir em cana. Espero que tenham pena de minha desvantagem genética.

Sim, vamos ser justos. O Dr. Cianni está explicando que alguns genes nos ajudam, em uma situação, e nos atrapalham em outras. Não dá para taxar os genes de "maus" e "bons" (embora Richard Dawkins insista em dizer que eles são egoístas). Então o que precisamos considerar, ao julgar um comportamento, segundo as suas próprias palavras? O ambiente. Aquilo que vai além dos genes.

A despeito disso, a conclusão consistente do raciocínio de Cianni é de que a ladroagem não é contra a natureza. E como sabemos que o estupro, o assassinato, a pedofilia, a violência em geral, diversas formas de sociopatia e psicopatia, depressão, irritabilidade, toxicomania, e uma infinidade de outros "desvios comportamentais" tem, todos, bases genéticas reconhecidas, devemos concluir que todos são naturais. Não são contra a natureza. Todos tem explicações em termos da seleção natural Darwiniana (e tem mesmo, não estou brincando).

Diante dos fatos, tudo o que posso dizer é repetir as palavras do nosso amigo italiano: "isso não significa que sejamos forçados a sermos ladrões".

Igualmente, "Isso não significa que alguém é forçado a ser homossexual" - mesmo que alguém tenha genes que favorecem essa prática, isso não significa de modo algum, absolutamente, que o homossexualismo seja bom para o ser humano, ou válido, ou que não seja um pecado.

E por falar em pecado: em primeiro lugar, o pecado é contra Deus, e em segundo lugar, contra o homem. Sem dúvida concordamos com o Dr. Cianni, de que não há pecado contra genes (ou "a natureza" em suas palavras). Só parece estranho que ele atribua a afirmação dessa tolice à Igreja.

Contra que Natureza?

Quero avançar um pouquinho na reflexão.

Um mínimo de sensibilidade demonstrará que o Dr. Cianni está relativamente confuso (ou talvez, tenha se confundido apenas na sua entrevista, o que é provável) a respeito do conceito de "natureza". Ele diz sem meias palavras que o que tem base genética não é contra a natureza. Isso equivale a dizer que "o que é, é certo".

A não ser que ele postulasse a existência de duas realidades separadas: a "natureza", que seria tudo o que é material ou biológico, e a "cultura", que seria uma criação arbitrária da liberdade humana. O problema com este modelo, é que se a liberdade humana e a criatividade cultural forem reais, a ponto de afetar a nossa resposta aos genes, isso significaria que elas são, efetivamente, uma "segunda natureza" distinta da "natureza física". Mas eu pergunto: de onde teria vindo tal natureza? Do espaço sideral?

Uma solução mais interessante seria simplesmente admitir que o que é natural para o homem não é o que tem uma base genética, mas o que realiza as possibilidades criativas do homem. Em outras palavras, para julgar um comportamento, não é suficiente empregar um termo genérico como "natureza". Precisamos de um conceito de "natureza humana". O Dr. Cianni efetivamente emprega um conceito de natureza humana como sendo indistinto de "natureza biológica". Isso não é suficiente, é óbvio. Um conceito válido de natureza humana precisa dar conta da base biológica, mas também dos aspectos social, estético, jurídico, ético, religioso, racional, e assim por diante.

A partir do conceito de "natureza" do Dr. Cianni, até o nazismo não é contra a Natureza. Afinal, quem sabe se a mãe natureza não está tentando nos extinguir, agora que descobriu que somos prejudiciais à vida na terra? É por isso que temos bombas atômicas, Osama bin Laden, Bush, a rede Globo, e a Folha Ciência, afinal. E o Dr. Cianni, é claro.

Eu estaria disposto até mesmo a admitir que, talvez, o gene (se ele existe mesmo) que favorece a androfilia nos homens (o homossexualismo) tenha uma finalidade interessante, útil, como é o caso do gene do roubo (que ajuda na autodefesa). Talvez, por exemplo, ele sirva para que exista o celibato clerical. Por que não? Uma procissão é algo muito mais interessante do que a Parada Gay, aquela coisa horrorosa.

Aprender a "Natureza"

Apenas para estabelecer um contraponto, cito a entrevista do educador e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Yves de La Taille, para a revista Nova Escola deste mês. Discutindo o problema da falta de princípios na escola, e a necessidade de uma educação ética, ele dizer que "A dimensão moral da criança tem de ser trabalhada desde a pré-escola. Ética se aprende, não é uma coisa espontânea".

O que seria ensinar ética a uma criança? Se ética não faz parte da "natureza", nem deveríamos ensiná-la. Afinal, seria uma forma de reprimir a natureza, que é sempre "espontânea".

A ética pertence à natureza humana, não à natureza "em geral". O fato de ela precisar ser aprendida não significa que não seja parte de nossa constituição. É por isso que o homossexualismo não é contra a "natureza" em geral, mas é contra a "natureza humana": é éticamente problemático. Mas em tempos de reducionismo materialista, ou genético, ou sociológico, é difícil, muito difícil fazer as pessoas encararem a verdade.

Tudo o que posso dizer...

Bem, seja como for, tudo o que posso dizer é que a entrevista, do entrevistado ao entrevistador e à escolha do título, reflete a mesma monstruosa, colossal, titânica ignorância do homem moderno em relação à sua verdadeira natureza. Se não sabemos mais o que é a natureza humana, como teremos condições de dizer o que é contra a natureza, e o que não é?

Assim, o jornalismo científico popular continuará "demonstrando" que, já que existe homossexualismo entre macacos e ratos, isso é simplesmente "a natureza". Que natureza minúscula.

E a mim, meu Deus, o que me resta? Vou me juntar à minha cadela e evacuar na minha própria cama.

Mas não vai ficar assim não. Vou fazer dentro da casinha dela também.

9 comentários:

Ricardo disse...

Prezado Guilherme de Carvalho,

Gostei dessa sua postagem, mas não concordo que a ética pertença à natureza humana.

Ética é pura e simplesmente um conjunto de valores morais, de princípios, considerados os ideais para a conduta em sociedade, portanto, o que é ético para uma população pode não ser para outra. Os genes responsáveis pela ética humana são egoístas, como diria Richard Dawkins, porque fazem com que o idealizado pela parcela dominante sobrepuja as demais.

Assim, a ética não é natural, mas a busca pela compilação de valores e normas de conduta para a vida em sociedade é que é natural no ser humano. O bicho homem é extremamente hierárquico, e a ética é uma ferramenta muito útil para a dominação.

A predisposição ao roubo é sem duvida alguma natural no ser humano, mas não é ético. Quer algo mais natural do que a predisposição em matar? Mas essa é uma conduta inadmissível para a vida em sociedade. O homossexualismo também é natural para aqueles que nascem biologicamente estruturados para isso, mas em muitas sociedades não é eticamente correto a pratica do homossexualismo. Contudo, em algumas sociedades o homossexualismo é ético.

A Bíblia, por exemplo, está repleta de exemplos de condutas consideradas éticas na antiguidade e completamente imorais nos dias de hoje. Os israelitas entraram em Canaã e mataram até as crianças de colo. Não consigo ver nada mais antiético do que isso, contudo, reconheço que é natural no ser humano querer ver mortos todos que lhe pareçam inimigos.

Também é natural que você queira se vingar de sua cachorrinha defecando dentro da casinha dela, mas isso não seria ético.

@igorpensar disse...

Guilherme,

Excelente post. O calcanhar de Aquiles é o termo "natureza". Interessante pensar que Freud define civilização em seu "Mal estar da civilização" como a 'distância do homem de seu estado de natureza'. Interessante pensar que o mesmo criador da psicanálise postula a existência de um hiato no homem, uma inacabalidade, por isso criou-se uma "próstese" (em suas palavras), que mais tarde foi traduzida pelos antropólogos pelo nome de "cultura". Esta é definida pela maioria dos estudiosos como algo ligado à valores, códigos, leis, etc. Interessante, pois para eles é nessa esfera que reside a "natureza humana" algo que o distancia dos animais, da "natureza" propriamente dita. Admite-se a distância, mas quando se quer justificar alguma nova invencionisse cultural, apela-se às leis da não-civilidade (natureza). Contradição irônica? Não! Falta de Bíblia, de perceber que o hiato é efeito da queda de um homem fragmentado ou estilhaçado pelo pecado. Vê-se a mesma corrida aos totens e às roupas de "folhas de figueira", para esconder os efeitos da tragédia. Perdemos alguma coisa? (em suas palavras). Recorrer à natureza para esconder a vergonha, não é novidade. Ai se aquelas folhas falassem!

Abraços e parabéns!
Igor

Guilherme de Carvalho disse...

Caríssimo Ricardo,

obrigado pela consideração, tendo em vista que vc vem de uma perspectiva bem diferente da minha.

Eu compreendo que vc não concorde que a ética pertença à natureza humana, e que ela não seja natural, etc. Isso reflete um conflito muito antigo, e que a nossa cultura ocidental não conseguiu ainda resolver: a tensão entre o ideal de ciência, que procura definir a natureza e o homem em termos puramente materiais, e o ideal de personalidade, que afirma a liberdade do homem, e a realidade de seu ser moral.

Ao menos em Kant o dilema é claro. Ele quer dizer que as duas coisas são reais, mas ao mesmo tempo criar campos independentes para ela.

Mas essa síntese não é possível. É por isso que muita gente migra de vez para o ideal de ciência, e tenta reduzir tudo o que o homem é à natureza não humana. É o infeliz caso de Dawkins, e também o seu caso.

Ao dizer, por exemplo, que a ética é uma compilação de normas culturais usadas pelo bicho homem como instrumento de dominação, talvez sem perceber, vc afirmou que a realidade ética é derivada das relações de poder, cujo fundo é biológico, ou biopsíquico. Portanto, ela não tem uma, por assim dizer, "consistência ontológica".

Portanto, sua "solução" não é solução nenhuma. É meramente uma reapresentação tautológica do problema.

Uma coisa é dizer "ética não é natureza". Outra coisa é explicar essa afirmação sem criar uma divisão na realidade. Se a ética não é natureza (no sentido não humano), de onde ela vém? Para repetir a pergunta: "do espaço sideral"? Por favor, perceba que não é suficiente explicar o mecanismo natural, ou até evolucionário, que levou à criação da ética (relações de poder, por exemplo, :-D), pois nesse caso vc estará dizendo: "ética, enfim, é natureza".

Outra coisa: isso que vc disse, que matar é inadmissível em sociedade, é uma enorme bobagem. A sociobiologia já demonstrou há muito tempo que matar é algo salutar em diversas formas de sociedade. Não tente ir por aí não.

Agora, por favor, considere o seguinte: sabe quando dizemos na linguagem popular, que certo comportamento é "desumano"? ;-D

Pense bem. Se a ética não pertence à natureza humana, ela é que é desumana. Pois matar, roubar, ser egoísta, e praticar o homossexualismo é apenas ser "humano" - seguir a "natureza".

Poderíamos, então, começar reformando a nossa linguagem popular, hehehe...

abraços teimosos,

Guilherme

obs: é natural que eu queira defecar na casinha dela (bem, não estou certo), mas também é natural pra mim não fazê-lo, porque minha natureza humana é racional E ética!

Mas vc tem senso de humor... :-D

Ricardo disse...

Guilherme,

Só para que eu possa entendê-lo um pouco melhor. O que é o pensamento para você? O resultado de reações materiais? Espirituais? Ou uma mistura de ambas?

Guilherme de Carvalho disse...

Caro Ricardo,

para mim o pensamento teórico (se é disso que vc está falando) é um tipo particular de ato. Um ato logicamente qualificado, que integra as possibilidades humanas e as concentra em uma determinada atividade intencional.

Eu não diria que é uma mistura de "ambas" porque não acredito que existam substâncias - espirituais ou materiais. Uma peculiaridade anti-metafísica minha :-D

Mas, se vc quer saber se eu sou Platonista, ou aristotélico, ou sustento uma forma mais contemporânea de dualismo metafísico, bem, definitivamente não.

abr,

Guilherme

Ricardo disse...

Guilherme,

Talvez eu tenha me expressado mal. O que eu quero saber é como se formam os pensamentos. Do que eles são feitos? Qual a matéria do pensamento?

Uma formiga pensa? Um golfinho pensa? E se pensam, qual a diferença do pensamento desses animais para com o do ser humano?

Guilherme de Carvalho disse...

Ricardo,

A pergunta "de que é feito o pensamento", ou "qual a matéria do pensamento?" me parece perigosamente metafísica. Gosto de descrever as coisas em termos de aspectos ou modos de operação.

E tenho graves suspeitas de teorias que se baseiam em hipóteses abstratas sobre substâncias, como o aristotelismo ou o materialismo neodarwinista.

A propósito, por isso mesmo entendo que o pensamento humano é uma função do homem com certas características peculiares, não sendo redutível, nem à sua base neurológica, nem à lógica, nem a unidades de informação transmissível, como no caso daquela teoria maluca dos memes, etc.

Quanto ao pensamento dos animais, bem... Isso é difícil. Podemos examinar seu comportamento e seus processos cerebrais, mas isso não é pensamento. É só o seu efeito físico. E como eles não tem cultura, no sentido humano, é difícil fazer "hermenêutica" deles...

Mas, deixando isso de lado:

1) porque vc não vai direto ao assunto?

2) porque vc não responde logo às minhas questões sobre o fundamento da ética? Afinal, esse ponto é que motivou a crítica à Folha Ciência.

abr,

Guilherme

Guilherme de Carvalho disse...

Olá Igor!

Ok, você foi exato sobre a contradição: usar a "natureza" para esconder a "vergonha"...

usar a ética como subterfúgio quando é interessante, para manter aqueles elementos contrários à "natureza animal" (direitos humanos, etc...)

Relativizar a ética quando queremos soltar o animal, apelando à natureza...

Reduzir a ética à fatores sociológicos ou biológicos, para apagar o senso de responsabilidade...

E então retornar com a ética para tentar reorganizar a bagunça.

Que baita confusão, né?!

abr,

Guilherme

Anônimo disse...

entendi.
Cosmovisões meu caro...hehehe

abração