Mostrando postagens com marcador Dooyeweerd. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dooyeweerd. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 29 de março de 2011

Escritos Políticos de Dooyeweerd em Revisão


Ótimas notícias,

O segundo volume de nossa série de livros de Herman Dooyeweerd está em estágio adiantado de revisão. O tema é a Idéia Cristã do Estado, e a tradução crítica e a introdução são obra de dois membros da nossa Associação Kuyper BH: Lucas Freire (atualmente doutorando-se nas áreas de economia e filosofia da ciência em Exeter, UK) e Leonardo Ramos (Doutor em Relações Internacionais e professor da PUC-Minas). Vejam a boa notícia aqui:

http://neocalvinismo.wordpress.com/2011/03/26/escritos-politicos-de-dooyeweerd-em-revisao/

A AKET tem uma parceria formal com The Herman Dooyeweerd Foundation para traduzir as obras de HD para o português. O primeiro volume já foi publicado (veja mais informações na barra à direita).

sexta-feira, 7 de maio de 2010

No Crepúsculo do Pensamento Ocidental: Uma Introdução

Caros leitores,

preparei um texto de quarta capa para a Hagnos que apresento agora na íntegra. É um resumo do resumo!

*********************************


Desde a Reforma do século 16 os cristãos evangélicos têm lutado para manter a fidelidade bíblica e o valor contemporâneo da teologia cristã. Seria possível fazer o mesmo no campo da filosofia? Seria possível construir uma filosofia cristã na tradição da Reforma?

Embora muitos tenham respondido que não, o século 20 viu nascer um pequeno movimento que desenvolveu uma abordagem cristã reformada para os problemas da filosofia. No centro desse movimento estava o filósofo holandês Herman Dooyeweerd, cuja extensa obra é apresentada pela primeira vez ao público de língua portuguesa através dessa introdução, preparada por ele mesmo: “No Crepúsculo do Pensamento Ocidental: estudos sobre a pretensa autonomia do pensamento filosófico”, lançamento da Editora Hagnos.

A obra se baseia em uma série de palestras apresentadas por Dooyeweerd em sua turnê pela América do Norte no final dos anos cinquenta. As palestras reunidas pelo próprio autor foram publicadas em 1960 e reimpressas em 1968 com correções, tornando-se uma espécie de introdução à sua obra magna: “A New Critique of Theoretical Thought”, em quatro volumes e ainda sem tradução para o português.

No “Crepúsculo” Dooyeweerd apresenta um articulado desafio à noção moderna popular de que o pensamento teórico em geral (especialmente nas disciplinas acadêmicas) e o pensamento filosófico em particular seriam “neutros” em relação à religião. Embora pouca gente hoje em dia acredite na neutralidade do pensamento em relação à cultura, ao sistema econômico ou aos valores sociais, a busca de neutralidade em relação a preconceitos religiosos era e continua sendo um dogma no mundo acadêmico e na política.

Utilizando métodos filosóficos Dooyeweerd mostra que por trás de toda teoria científica ou movimento intelectual existe uma orientação religiosa básica que pode ser trazida à luz, e que não é possível encontrar uma base “neutra” para escolher entre uma ou outra visão religiosa. Pelo contrário, toda escolha teórica sempre pressupõe um posicionamento religioso suprateórico, e os diferentes “standpoints” religiosos são de certa forma incomensuráveis. Quando alguém decide pensar sobre a religião, seus pés já estão apoiados em algum fundamento, saiba ele disso ou não.

Com isso Dooyeweerd torna claro por que a ciência e a filosofia são relativas à espiritualidade; e que por isso mesmo o cristão estaria plenamente justificado, “prima facie”, ao fazer escolhas teóricas e estabelecer programas de pesquisa baseados em uma visão cristã de mundo.

Dooyeweerd encara ainda o desafio de criticar um aparente inimigo do “dogma” da autonomia da razão: o relativismo historicista, que é uma das fontes do pensamento pós-moderno (pragmatismo, hermenêutica, desconstrução, etc.). Na obra o filósofo traz à luz as raízes do historicismo em uma forma específica de absolutização do pensamento teórico, que causa a sua própria contradição; e com isso deixa claro que, ao refutar a autonomia da razão, ele não propõe a dissolução da verdade no ácido do relativismo. Pelo contrário, a fé é necessária para manter a razão sóbria.

Na terceira parte do livro Dooyeweerd encara o espinhoso problema das relações entre a filosofia e a teologia, propondo um caminho original: ele retém a noção de Tomás de Aquino, de que deve-se distinguir entre essas duas disciplinas, e a proposta de Agostinho, de que a filosofia deve ser transformada a partir da fé cristã. Isso lhe dá condições de apontar a falha das teologias que tentam acomodar a revelação a conceitos filosóficos oriundos de sistemas pagãos ou seculares, e também o caminho para uma reforma da própria teologia, a partir da reforma desses conceitos filosóficos.

Na última seção do livro Dooyeweerd toca naquele assunto que revela o “etos” de seu projeto e nos faz ver o caminho que o diálogo de cristianismo e cultura deve tomar hoje: a busca por uma antropologia radicalmente bíblica. Segundo o autor, na base de cada sistema filosófico está o entendimento que o homem tem de si mesmo e de sua relação com a origem divina de todas as coisas. A questão do autoconhecimento – “gnōthi seauton” em Sócrates, “Deum et animam Scire” em Agostinho – é a questão filosófica central.

Ora, quando o homem adere a um ídolo, não pode mais saber quem é. E porque não se conhece, sempre construirá formas de pensamento e de cultura nas quais aspectos fundamentais de sua identidade enquanto imagem de Deus serão distorcidos ou reprimidos. Essa é exatamente a razão por que a cultura ocidental vem aos poucos minando a dignidade do homem e despersonalizando-o.

A única cura genuína para o presente estado de coisas - diz Dooyeweerd - será a retomada de uma visão pura do homem como ser pessoal, integrado e espiritual. E isso só pode ser dado pela Palavra de Deus atuando no coração do homem. Mas para ser capaz de anunciar essa verdade de forma clara e transformadora o cristianismo precisará fazer escolhas, e a mais importante delas será a desistência dos métodos de acomodação – das tentativas de acoplar exteriormente a fé cristã a cosmovisões não cristãs como o existencialismo, o pós-modernismo, o socialismo, o liberalismo econômico ou o naturalismo, para citar apenas algumas. No campo das ideias, em especial, os cristãos deverão repensar os conceitos fundamentais e as teorias dominantes em cada disciplina, promovendo a sua reforma interna a partir da Palavra de Deus.

Há que se enfrentar com fôlego e coragem esse desafio. O próprio Dooyeweerd fundou, juntamente com diversos companheiros, uma associação de filosofia cristã e uma revista científica, até hoje em circulação. E na esteira de seu trabalho pioneiro filósofos e acadêmicos cristãos se levantaram nos mais diversos campos do conhecimento, como a ética, a ciência política, a história, a teoria estética, a psicologia ou a tecnologia da informação. Hoje o movimento da filosofia reformacional tornou-se uma comunidade internacional e produtiva – no julgamento de alguns, como o historiador americano George Marsden, a maior promessa para dar estabilidade e orientação para o cristianismo evangélico ocidental no século 21.

Cremos que o contato com a tradição reformacional – mais do que apenas com Dooyeweerd, que foi um de seus fundadores – é salutar para o cristianismo brasileiro, que ainda luta para ganhar maturidade. De fato já há no Brasil um movimento articulado e consciente da necessidade de diálogo com a cultura e responsabilidade social: o movimento da missão integral, com uma rica história de boas ideias e bons exemplos. A tradição reformacional pode contribuir com um poderoso influxo construtivo para a expansão dos horizontes teóricos e práticos da missão da igreja brasileira, e nos preparar melhor para pós-modernidade verde-e-amarela que já surge no horizonte.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Livro de Dooyeweerd Lançado pela Hagnos!

Aí está!
Procurando uma boa razão para a ressurreição semestral do meu blog, fui informado de que a obra "In the Twilight of Western Thought", do filósofo holandês Herman Dooyeweerd, foi publicada em língua portuguesa pela editora Hagnos.

Os tradutores: Rodolfo Amorim e este blogueiro relapso que vos fala.

O título: "No Crepúsculo do Pensamento Ocidental: ensaios sobre a pretensa autonomia religiosa do pensamento teórico".

O preço: 304 páginas, incluindo a introdução que escrevi e um glossário, por módicos 36,90 reais!

Para ler a introdução editorial, clique AQUI.

Para ver o livro, clique AQUI.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Novos artigos sobre Dooyeweerd

Além do artigo de Fabiano Oliveira sobre Dooyeweerd, acrescentei um outro de minha autoria, escrito como a introdução editorial de uma obra de Dooyeweerd que o Rodolfo e eu acabamos de traduzir do inglês: "No Crepúsculo do Pensamento Ocidental: Ensaios sobre a Pretensa Autonomia do Pensamento Teórico".

Recomendo-o especialmente para os inscritos em nosso 2 Ciclo de Palestras L'Abri-Aket.

O livro aguarda publicação, mas a introdução está disponível aqui.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Mozart: Barth disse, e Dooyeweerd concordou!

Bem, creio que todos os que me conhecem melhor sabem da minha paixão por Mozart - mesmo que eu não passe de um ouvinte diletante.

Tive acesso, no ano passado, a um dos raríssimos estudos sobre cultura de Karl Barth, na coletânea de Leibrecht em homenagem a Paul Tillich. Trata-se do famosíssimo - dentro de uma insignificante parcela da população mundial, naturalmente - "Wolfgang Amadeus Mozart", um artigo de Barth que ainda pretendo traduzir. Deveria ter sido neste ano - o "ano Mozart", mas meu cérebro não me permitiu tal façanha. No ano que vem, quem sabe...

Mas a referência ao artigo se deve a uma descoberta curiosa. No excelente site sobre Dooyeweerd de Glenn Friesen - um erudito bastante excêntrico que passou dois meses em L'Abri, visitou a Índia, foi aluno de Hendrik Hart quando este ainda era conservador, e finalmente, estudou com o próprio Dooyeweerd - encontrei uma historieta que só poderia correr mesmo fora dos livros. Segundo o Friesen, numa espécie de sarau musical, na casa da filha de Dooyeweerd, ele teve a oportunidade de ouvi-lo comentar Barth. Cito Friesen:

"Então Dooyeweerd falou-me a respeito de música. Ele me disse que Barth tinha dito que, quando os anjos no céu são requisitados a tocar diante de Deus, eles tocam Bach. Mas que, quando eles tocam por si mesmos [para se divertir, no original Barthiano], eles tocam Mozart [e mesmo Deus se diverte com eles, diz o original]. Para sempre em me lembrarei e apreciarei este lado humano de Dooyeweerd."

Como deve ter ficado claro nas minhas observações em itálico, Dooyeweerd citou o artigo de Barth. É compreensível, desde que Dooyeweerd não apenas lia Barth; também era músico, e tocava piano bem, segundo dizem. E eu concordo com ambos: Deus fez Mozart para se divertir, e a todos nós. E se alguém não acredita nisto?
Ora, quem tem ouvidos para ouvir, ouça...